Saímos de Las Grutas no domingo, no meio do carnaval
que também é feriado na Argentina. Eu pensei que isso vai ajudar a gente viajar
de carona mas foi ao contrário. Ficamos na saída de Las Grutas uns 20 minutos
quando parou um carro que levava um cavalo. O rapaz estava indo para uma cidade
que fique no meio entre Las Grutas e o nosso destino Puerto Madryn. Tudo
começou bem. Ele deixou a gente no posto de gasolina numa aldeia pequena.
Ficamos umas 2 horas tentando conseguir carona para Puerto Madryn mas sem o
resultado. Por sorte a rodoviária estava do lado e pegamos ônibus. Isso também
faz parte da viagem – a possibilidade de improvisar e resolver os problemas no
momento.
Em Puerto Madryn ficamos num apartamento privado (que rica haha). Eu usei
meu cupom de 100 USD do Airbnb. Puerto Madryn é uma cidade linda, chique e
famosa pela baleia-franca-austral. Aqui se pode ver as baleias de maio até dezembro
praticamente na praia da cidade. Infelizmente nos não as vimos porque era
fevereiro. A cidade é bem preparada para o turismo, inclusive internacional e
tudo aqui te lembra que é a cidade das baleias: as ruas, os nomes das esquinas,
souvenires, restaurantes – tudo tem nome ‘alguma coisa’ baleia.
Perto de Puerto Madryn fica Península Valdez – patrimônio
mundial da humanidade. É um lugar mágico, onde se pode ver os animais marinhos muito
perto: orcas, pinguinhos, baleias e uma infinidade dos pássaros.
Realmente a península foi um dos pontos altos da viagem pela patagônia
argentina. Nessa altura da viagem a gente já estava com a nossa nova amiga –
Juliana, paulista que largou tudo e foi viajar sozinha. É muito raro encontrar
os brasileiros viajando dessa maneira. Pelo menos aqui na patagônia. Claro que existem os hippies sujos entre
todas as nacionalidades (principalmente os argentinos kkk) mas entre os brasileiros são poucos.
Isso é extranho se levar em conta que é o maior pais do continente com mais de
200 milhões de habitantes. Juliana virou a nossa grande amiga, tivemos muitas
aventuras juntos durante 70 dias na patagônia. Eu usava ela para praticar
português, nunca perco uma oportunidade dessa haha :-)
O anfitrião de Juliana levou a gente para passear pelas arredores de Puerto Madryn. Para mim as melhores praias argentinas estão por
aqui. Mais bonitas com certeza. No final de fevereiro já não dava para entrar
na água, mas eu podia apreciar essa linda paisagem olhando. Anfitrião da
Juliana também virou nosso amigo e ofereceu levar a gente na península Punta Tombo
– a maior colonia continental dos pinguinhos. Não conseguimos resistir. O lugar
é lindo e tem milhares de pinguinhos vivendo aqui, caminhando junto com você, é
impressionante. Só aceito o contato com a natureza se for assim, sem zoológico,
sem prisão.
Continuamos a viagem e paramos numa casa em Trelew.
O nosso anfitrião Alejandro tem uma casa gigante e deixou a gente dormir no
quarto das suas filhas. Dormimos como umas princesinhas no quarto em diferentes
tons de rosa :-) Apesar que ele já tinha outros couchsurfers, ele
recebeu o nosso pedido de ficar somente uma noite. Eu não gosto de passar tão
pouco tempo com os nossos anfitriões, pois não há tempo para se conhecer e
compartilhar. Isso foi uma das poucas exceções. Compartilhamos um jantar na sua
casa que tinha umas 20 pessoas. Alejandro se divorciou e queria mudar a sua vida e abrir a sua e
mente. Receber as pessoas pelo couchsurfing foi uma ótima idéia. As suas filhas
estão crescendo vendo que nesse mundo precisa de compartilhar, estão vendo
gente de todos os lados, estrangeiros e eu acredito que é uma ótima maneira de
ensinar elas a viver e conhecer esse mundo tão lindo. Cada minuto dessa viajem
eu sentia como esse mundo é maravilhoso, cheio de amor e compaixão.
Dia seguinte fomos tentar sorte com carona de novo.
Foi muito especial para mim porque viajamos de caminhão gigante que
levava carga desde Buenos Aires até Rio Gallegos. Eu não podia acreditar quando
ele parou e falou que vai levar a gente até Comodoro Rivadavia. Os caminhoneiros
levam bastante gente na patagônia porque essa paisagem é tão chata que dá sono.
Então uma ótima solução é levar alguém para bater o papo. Viajar de caminhão é
maravilhoso, você realmente se sente o rei da estrada! Todos os carros parecem tão pequenos e baixinhos. Sem falar do espaço que tem um
caminhão de carga. Até tem uma cama lá dentro! Claro a viagem vai muito mais
rápido com um mate (chimarrão) que aqui a galera bebe muito. Não tanto como no
Uruguai, mas bastante mesmo.
O caminho de Trelew até Comodoro Rivadavia vai pelas planícies
patagônicos. É uma paisagem bastante chata e linda no mesmo tempo. Os europeus
piram aqui, ficam loucos. Eles não estão capazes de imaginar 100 - 200 quilômetros de terra sem nada. Só os guanacos e avestruzes atravessando a estrada...
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