Patagônia argentina – Buenos Aires -> Ushuaia em 35 dias (parte 1)


Demorei um pouco para escrever sobre a minha experiência em viagem pela patagônia, mas isso é bom, pois descrever algumas emoções e lembranças é mais fácil quando já passou um pouco de tempo. Parece mais fácil entender o que foi aquilo.

Foram 25 dias e 3000 km viajados de ônibus e de carona pela costa Argentina desde Buenos Aires – capital de Argentina até Ushuaia – a cidade mais austral do mundo.

Começamos essa viagem nos meados de fevereiro, ainda no verão – época quente quando eu usava as camisas e shortinhos. Mas na minha mochila eu levava mais de 20 quilos entre quais tinha bolsa de dormir para muito frio e roupa de inverno.

Em Buenos Aires a gente pegou ônibus até cidade de Viedma – portal da patagônia argentina. Uma cidade simples e pequena que parece qualquer outra cidade da Argentina. Apesar de que essa cidade é a capital da província Rio Negro é uma cidade muito pequena (cerca de 50 mil habitantes).


A viagem demorou 12 horas. As distâncias na patagônia são grandes! Aqui ficamos na casa de um rapaz muito legal pelo site de couchsurfing. Com ele conhecemos os lugares próximos de Viedma – Balneário El Condor, fomos jantar na casa de sua família onde provamos as empanadas de guanaco (uma delicia!). Para mim foi muito exótico, não é um tipo de coisas que você vai e simplesmente compra numa lanchonete. Guanacos são os animais típicos da patagônia, são primos de lama. Muito gostoso, parece carne de vaca. Empanada tem tantos temperos e ingredientes diferentes que não dá para saber exatamente de que foi feita.

A cidade de Viedma é uma cidade típica da costa argentina – muito plana, sem edifícios altos, ruas largas, pouca gente caminhando. O bom da Viedma é a costa do Rio Negro. Um lugar muito bonito para descansar, tomar mate da tarde e ver o pôr do sol.


A minha parte preferida da estadia em Viedma foi a visita dos penhascos perto do balneário. São 180 quilômetros de pura beleza. Essas pedras é a casa da maior colônia dos papagaios verdes. Não sei mesmo que eles estão fazendo na patagônia, para mim esses pássaros sempre foram tropicais. O mar aqui é de cor azul profundo, vento está frio, pouca gente e dá aquela sensação que você está num lugar secreto no fim do mundo.


Próximo destino foi uma cidade que se chama Las Grutas ou melhor praia argentina.

Em Las Grutas chegamos de carona. Foi nossa primeira experiencia de viajar dessa maneira. Li muitos relatos dos viajantes que viajar de carona na patagônia argentina é uma coisa que tem que fazer, pois é muito simples, seguro e sem dúvida maravilhoso. Esperamos uns 15 minutos na saída da cidade de Viedma quando parou um senhor. Perguntou aonde estávamos indo e falou que vai deixar a gente na entrada da cidade Las Grutas. Essa viagem foi curta, somente 200 quilômetros. Durante a viagem, ele decidiu levar a gente até a nossa casa em Las Grutas. Eu não podia acreditar! Deixou na porta mesmo.


Em Las Grutas ficamos na casa de Paola que também conhecemos pelo couchsurfing. Uma mulher com muita alegria, força, energia, amante do Brasil. Ela já viajou sozinha pelo todo nordeste brasileiro e fala português. Casa dela era uma delícia, muito perto da praia.

As praias de Las Grutas são bonitas, mas tem que saber horário quando ir lá. Porque tem muita diferença em altura de mar durante o dia. Cada pessoa que vive lá tem os horários de maré alta e maré baixa prendida na geladeira. Água não estava fria apesar que já estávamos muito longe da parte tropical do continente.


Las Grutas é uma cidade de verão. Aqui vem grande parte da patagônia para passar ferias. Nós pegamos final da temporada e a cidade estava cheia de gente. Praia central estava lotada e Poli levou a gente conhecer as praias secretas alguns quilômetros da cidade. Essas praias são fantásticas, mas, sempre tem ‘’mas’’ na minha história. Vento patagônico não me deixava tranquila. Minha roupa em Las Grutas foi biquíni e casaco corta-vento... Nesse dia eu não entrei no mar.

No dia que a gente deixou Las Grutas foi o eclipse solar. O eclipse inteiro estava alguns quilômetros mais ao sul. Este fenômeno natural deixa uma sensação estranha: parece que alguém diminuiu a saturação da imagem e o mundo ficou frio e triste. Nesses curtos momentos dá para entender como que o sol é importante para nós e que sem sol não há vida.

Comentários